sábado, 21 de janeiro de 2012

Moinho Vivo - O que a imprensa não disse

Moinho Vivo é uma iniciativa autogestionária de produtores, militantes, moradores e ativistas que querem dar visibilidade ao que acontece na Comunidade do Moinho (pós incêndio). Compartilhando informações, denúncias e principalmente todo o potencial criativo e produtivo da Comunidade.

Há quase trinta anos, a ocupação da Empresa Moinho Santa Cruz deflagrava o surgimento de uma das maiores favelas no dilacerado coração da mais cosmopolita e desigual cidade da América do Sul, São Paulo. A comunidade, formada originalmente por catadores de materiais recicláveis, reunia ali uma das mais admiráveis demonstrações de respeito e preservação ao meio ambiente na cinzenta São Paulo, gerando empregos, renda e possibilitando a dezenas de famílias, que hoje se somam quase 800, uma oportunidade de vida, ainda que severamente modesta.

Modesto cotidiano que sofreu substancial e negativa mudança na manhã  de 22 de dezembro de 2011, quando labaredas e chamas reduziram concretos, madeiras, móveis, pertences, histórias e vidas a um cenário de destruição, desespero, desamparo e incertezas. Episódio que suscita uma série de perguntas sem respostas, abrindo diálogo para um debate que envolve interesses econômicos, especulação imobiliária, política de higienização, descumprimento de lei e, sobretudo, desrespeito à dignidade de homens, mulheres e crianças ali presentes, a mídia diz que a culpada foi a loucura.
Localizada no centro babilônico da cidade de São Paulo, a comunidade é o centro de uma grande disputa, de um lado trabalhadores e trabalhadoras que vivem a beira de tudo e não tem acesso a nada e de outro a especulação imobiliária com o mercado aquecido e seus abutres de plantão, a espreita para ocupar e consumir.  Quando iniciamos os trabalhos de apoio à reconstrução e conseqüente revitalização da comunidade afavelada, fomos encontrando indícios cada vez mais fundamentados de que o incêndio foi criminoso e este crime tem a mão, ou melhor as canetadas e a política higienista do prefeito Gilberto Kassab.

A área agredida esta no meio de um bolsão, fruto de grandes interesses econômicos, a famigerada Operação Urbana Lapa/Brás, que tem em seu escopo a construção de obras faraônicas de um grande empreendimento de alto nível e que não vão atender em nada as prioridades da população de baixa e media renda, projeto que visa a ocupação de toda a orla ferroviária Lapa-Bras-Mooca, com a construção de praças, bulevares e prédios para instalação de lojas, escritórios e moradias de alto padrão.

Previsto no Plano Diretor Estratégico da cidade, criado em 2002, a “Operação Urbana” (digasse higienista) é a autorização de construção de imóveis acima dos limites permitidos pela Lei de Zoneamento da região, em troca de pagamentos à Prefeitura. Para isso, a Câmara Municipal precisa aprovar (e aprovou, nos corredores, estrategicamente em ano de eleição) um projeto de lei que cria a operação. Também é necessária a licença ambiental e as regras da operação urbana têm de ser discutidas em audiências públicas com a participação dos principais envolvidos.
Com todas essas exigências cumpridas, a Prefeitura pode vender os Cepacs, títulos que permitem essas construções. Sendo assim, mais uma vez fica claro a intenção de ampliar a construção de novas habitações de alto padrão nessa região como parte da ampliação da especulação imobiliária com o mercado aquecido. Os fatos aumentam cada vez mais nossa indignação e a natural gana por justiça social para com a população da Comunidade do Moinho.
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, fechado com a mídia sensacionalista e burguesa, vincula noticias mansas e mentirosas sobre o ocorrido e a real situação da comunidade, no dia 01 de janeiro de 2011 em pleno feriado o prédio do Moinho é implodido ao custo inicial de R$ 3.500.000,00, pagos às empresas Desmontec, que detonou os explosivos, e Fremix, responsável por transformar os detritos em brita. Ao todo, 800 kg de explosivos foram usados em 2,2 mil furos feitos em 260 pilares do térreo e do primeiro andar, o prédio não cai.


Relatos de moradores atentam para a morte de mais de 40 vitimas e a mídia diz que foram 02, a pressa tem seu objetivo, acelerar a remoção da população, ocultar as provas de que existem varias irregularidades e que o tempo daquela população em uma região extremamente valorizada se esgotou. A comunidade é formada por trabalhadores e trabalhadoras, catadores de material reciclável na sua grande maioria que devem ser retirados as pressas do local, os mesmos que estiveram por décadas esquecidos, excluídos dos interesses políticos e deixadas à margem das condições básicas para a sobrevivência
Há décadas trabalhadores e famílias construíram suas vidas e conquistaram seu direito à moradia. Hoje, essas pessoas se tornaram vítimas de um jogo de interesses onde o que menos importa é a condição de seu futuro e assim caminham as ações de Gilberto Kassab,  viabilizar a efetivação do seu maligno plano ate o maio de 2012, por conta do inicio do processo eleitoral e fechamento do tesouro, projeto de higienização social, onde pretos e pobres devem ficar fora do centro de São Paulo e desta forma o mesmo é entregue brilhando aos abutres.
Por: BobControversista

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