terça-feira, 19 de março de 2013

Diadema estuda a eliminação de ONGs





Casa do Hip Hop de Diadema foi um dos equipamentos culturais que sofreu alterações na administração com a nova gestão; ong Zulu Nation foi desvinculada da Casa









A Secretaria de Cultura de Diadema estuda a eliminação de ONGs e associações intermediárias para a  administração de equipamentos públicos como novo modelo de gestão. De acordo com o secretário da pasta, Gilberto Moura, o Giba da Cultura, a medida pode entrar em vigor em junho ou julho, caso seja selecionada como melhor alternativa para conduzir serviços culturais oferecidos pela Prefeitura. A ONG Zulu Nation já foi desligada da atual coordenação da Casa do Hip Hop, espaço que a própria entidade fundou em 1999.

De acordo com informações do secretário, o procedimento pode ser adotado em virtude de um questionamento do Tribunal de Contas da União em relação ao formato anterior de operação das ações. “Estamos tentando não contratar mais ONGs porque apresentaram problemas com vínculos empregatícios”, disse Moura, ao relatar que muitas das entidades sofreram processo judicial por problemas de pagamento a funcionários. “As consequências eram usar dinheiro público que poderia ser investido em projetos para quitar dívidas trabalhistas”, complementou.
A nova forma de contratação passará por um período de análises para que se defina a mais compatível com a nova gestão. “Ao invés de convênios diretos com ONGs, procuraremos fazê-lo por conta própria por uma questão administrativa que atenda aos pedidos do Tribunal de Contas.” No caso da Casa do Hip Hop, Giba frisou que, apesar do fim do convênio com Zulu Nation, o número de contratações de oficineiros foi ampliado.
O local passou por pequenas reformas estruturais e reabre as portas para cursos regulares a partir de segunda-feira (18/03). As oficinas aplicadas eram de dança de rua, dança de salão, samba rock, capoeira, oficina de bonecos, teatro infantil, ginástica, pintura em tela, circo e violão.
 A assessoria da secretaria divulgou a incorporação de novas atividades na grade como discotecagem e mestre de cerimônias (MC). O Centro Cultural Nogueira e Promissão terá oficinas de grafite.

Mudança não satisfaz os fundadores
Precursores e referências do movimento hip hop nacional como King Nino Brown, cidadão honorário de Diadema, e Nelson Triunfo, componentes da Zulu Nation, que em Diadema possui 10 integrantes, ficaram de fora da condução da Casa do Hip Hop. Em fevereiro deste ano, a ONG teve 7.871 votos populares e recebeu o  Prêmio Governador do Estado para a Cultura 2012 na categoria Inclusão Cultural. 
A Zulu Nation recebia para administrar as oficinas, mas o contrato venceu em dezembro de 2012. A Prefeitura atual optou por não renovar a relação com a entidade. Para Nino Brown, a ONG tinha relação com a comunidade desde 2002.
O presidente da Zulu Nation crê que o fato de a ONG ter operado durante gestões petistas tenha incentivado a gestão atual, do PV, a associá-la ao partido anterior e, consequentemente, cortado o convênio. “A gente se sente expatriado. Nossa relação é independente de partido”, protestou Nino Brown.
Entretanto, o secretário Gilberto Moura alegou que a ação teve como objetivo a otimização de recursos. Enfatizou também que reconhece o valor dos precursores e tem respeito por quem construiu a Casa do Hip Hop e não quer perseguir ninguém. 
Moura explicou que o novo procedimento de seleção de oficineiros foi aberto e que Nino, por exemplo, não participou. “Não posso contrariar um edital ou contratar alguém por ser precursor do Hip Hop.” 

Reprodução/texto: www.abcdmaior.com.br

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